No bairro de Pinheiros, na pequena Rua dos Cariris, 48, há um lugarzinho especial. Inaugurado em agosto de 2014, o Armazém Cultural é um espaço diferenciado e multicultural. Os atores Eduardo Peixoto e Lucas Lentini, colegas no Centro de Formação do Ator Globe-SP, viraram sócios e combinaram a preocupação de olhar a comunidade ao redor e trabalhos já desenvolvidos para fundar o Armazém.
A programação do espaço é diversificada e atende todos os gostos. Peças, shows, cursos teatrais, danças, musicais, festas, são alguns dos tipos de eventos do lugar e mostram proposta desse centro multicultural. Segundo Peixoto, a principal ideia é mostrar as possibilidades para o público. “Você chama um amigo para ver uma peça e ao mesmo tempo tem uma exposição no lugar. Seu amigo e você podem ver descobrir novos gostos, ver que tem outras coisas”, exemplifica.
A noite de sua estreia da programação e da abertura do teatro mostra exatamente a proposta do local. Um pocket do espetáculo Kabarett, da Cia. Da Revista; seguido de uma roda de capoeira do grupo Nzinga, que tem sua sede ao lado do Armazém; com uma apresentação do Grupo Flamenco Sueños; e para fechar a noite, os djs Dehco Wanlue e Evelyn Cristina que misturaram músicas brasileiras e eletrônicas; deixam claro a proposta do Armazém Cultural.
O Armazém Cultural tem um espaço diferente. De longe é uma casa normal; mais perto, uma lousa de giz mostra que não é apenas isso. Ao entrar, ao lado direito tem um deque com uma árvore no meio. À esquerda, mesas com pessoas comendo boas batatas fritas. A parte de baixo da casa é divida entre a bilheteria, a lanchonete e banheiros.
No fundo do espaço, há a Sala Armazém, mais conhecida como a sala “surpresa”, é uma sala de espetáculos de 150m² que acomoda de 100 a 150 pessoas. Pode ser adaptada, conforme a proposta de cada espetáculo, com palco formato arena ou italiano. É chamada de surpresa pelo fato de ninguém esperar que em uma casa, com um espaço pequeno há um galpão tão grande e bonito.
Um dos atores criadores do Armazém, Peixoto, conta que ele e o amigo estavam buscando uma sala para ensaios e apareceu a proposta de ser nessa casa. “Nós escolhemos esse lugar por conta do teatro. Nós nos apaixonamos pela sala”, fala.
Mas além da sala, a ideia da parte externa é ser como uma casa de campo; tem muitas árvores, plantas e um ar sossegado. “O objetivo é que as pessoas consigam respirar um pouco fora da correria de São Paulo”, explica Peixoto.
Antes da inauguração oficial, o Armazém foi o lugar em que a Companhia da Revista ensaiou a “Ópera do Malandro”. Dirigida por Kleber Montanheiro, é uma releitura da peça criada por Chico Buarque com base na “Ópera dos Mendigos” (1728), do inglês John Gay, e na “Ópera dos Três Vinténs” (1928), dos alemães Bertolt Brecht e Kurt Weill.
A primeira peça em cartaz foi “Ninguém no Plural”, adaptação de contos do Mia Couto, com direção de Rita Grillo. Depois, começaram as peças infantis, como por exemplo, “Cada qual no seu barril”, de Kleber Montanheiro e “O botão mágico”, de Juliano Barone. Atualmente está em cartaz a peça “Hamelete”, do Grupo Careta. Em março entra na programação o monólogo “Como Água que Sobre a Água Corresse…”, criado e interpretado pela atriz Silvia Suzy; e nesse mês inicia-se a montagem de “As vantagens de ser invisível”, dirigido por Kleber Montanheiro e Daniela Flor, os dois fazem parte da Cia da Revista.
Como ainda não tem patrocínio, o Armazém está focando em fazer shows. Já confirmado para o dia 25 de abril, o Armazém é palco do Show Conjunto João Rubinato. Mas, além de shows e apresentações, algumas oficinas tomam espaço na casa. Esse mês, por exemplo, começa a “Oficina Commedia Dell’Arte” , com o orientador Will Saint’ Clair.
Peixoto e Lentini pensam em mais projetos pela frente. A pequena casa, o grande galpão, a multicultura do local, os eventos e o sossego do lugar, já fazem parte do lado cultural da cidade.
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