A história do teatro remonta os períodos antigos, em que o “representar” era utilizado como meio de comunicação e expressão de sentimentos e ideias, além de estar relacionado com rituais e celebrações religiosas. Nessas apresentações, as palavras e gestos das representações eram aprendidos e memorizados para serem transmitidos às gerações posteriores.
O teatro, tal como conhecemos hoje, teve suas origens na Grécia Clássica: representação de diferentes histórias escritas por autores, nas quais atores interpretavam diferentes papéis diante de um público em um local construído e destinado especialmente para isso.
No ocidente, a atuação passa a se desenvolver sobre uma suposta inspiração mística, determinante da representação do ator em cena. Até os primórdios do século XX, a atuação estava vinculada à inspiração e à intuição, e o ator desenvolvia sua atividades apoiado em clichês e estereótipos, pelo uso frequente de maneirismos e truques, o que resultava numa representação pomposa, mas artificial, automática, desprovida de sentimentos e nada convincente.
Constantin Stanislavski foi um grande militante contra as convenções estilizadas e artificiais predominantes até então. A partir de sua vivência cênica e seu desejo de imprimir maior realidade a encenação, Stanislavski desenvolveu seu próprio método de interpretação, por meio do qual o ator busca em suas próprias experiências emotivas elementos para construir a personagem que deve interpretar, além de proporcionar à plateia uma apresentação da realidade nos palcos.
Em sua obra “A preparação do ator”, Stanislavski desenvolveu conceitos importantes ao desenvolvimento do trabalho interior do ator.
Um desses conceitos é o da Fé ou Verdade Cênica. Para Stanislavski, a Fé Cênica é a vivência de algo que não tem existência de fato, mas que poderia acontecer realmente, ou seja, o ator deve assumir a problemática na qual sua personagem está envolvida e vivenciá-la, de forma que transmita sinceridade em suas ações e em seus sentimentos, de forma a convencer e a transmitir suas ideias ao espectador.
No entanto, para que o ator alcance esse estado de verdade em sua atuação, ele deverá se utilizar de outros três conceitos essenciais: “Se” Mágico, Circunstância e Objetivo.
O Se é compreendido como uma ferramenta que auxilia o ator a abandonar o mundo dos fatos e utilizar-se da imaginação, a fim de questionar-se em como se comportaria dentro de determinada situação.
Complementarmente ao “Se” Mágico, tem-se a Circunstância, que pode ser entendida como elemento da situação da cena, determinante do comportamento da personagem; é o detalhe concreto que fornece informações da peça, dando-lhe sentido e justificando a ação.
No que se refere ao Objetivo da personagem, Stanislavski confere a esse elemento a função de direcionar o ator a inserir-se nas circunstâncias dadas, atraindo-o, emocionando-o e motivando-o a executar uma ação a fim de se alcançar esse objetivo.
Por último, e de grande importância na obra, tem-se a Memória das Emoções. Segundo Stanislavski, durante representação do papel o ator pode evocar e se utilizar de sensações e emoções outrora experimentadas na vida real. E para que essa evocação ocorra, basta uma ideia, um gesto, um pensamento, um objeto familiar, traga a tona tais sensações.
No livro “A Preparação do Ator”, Stanislavski procurou abordar diferentes temáticas, visando a auxiliar o ator em sua preparação interior, exercitando seu espírito, concentração e imaginação.