Impressões sobre um Teatro de Bonecas
As “Impressões” publicadas no site do Ator Criador nada mais são do que a tentativa, frustrada, de transliteração dos sentimentos que ficaram gravados nos seus respectivos autores ao assistirem a um espetáculo. São textos pessoais e autorais que não visam a tecer críticas complexas ou técnicas; buscam apenas contar o que um determinado espetáculo causou.
Escreve-se somente sobre aquilo que vale a pena; sobre aquilo que pede, dentro de nós, saída para o mundo. Ao menos isso é o que acontece comigo, e desde o último sábado eu escuto: “ô, olha pra mim”… “hei, olha…” “hei… me tire daqui… eu mereço sair…”.
Pois no dia 1º de novembro de 2014, na pequena rua do Centro de São Paulo chamada Teodoro Baima, dentro do Teatro do Pequeno Ato, este Ator Criador assistiu a uma peça que o impactou profundamente: “Teatro de Bonecas”.
Dirigidas pelo autêntico Adriano Cypriano, as belas atrizes Jackeline Stefanski (“Jackeline” se escreve assim mesmo, com “c” e “k”, e não com “q” e “u”) e Milena Filó atuam de maneira inebriante. O Teatro do Pequeno Ato, que justifica o nome apenas pela quantidade de pessoas que pode abrigar na plateia, instiga à atenção absoluta devido ao seu formato intimista. E como são lindas! Contenham-se aqueles que, por estarem tão perto da atrizes, pensam que podem tocá-las: não podem. Se serve de consolo, vocês serão metafisicamente tocados.
Dois vestidos, vários copos d’água, um trenzinho da infância, duas cadeiras, duas sacolas de papel, duas atrizes em trajes íntimos, é tudo. Não é preciso mais nada, senão memórias digressivas, imagens construídas com precisão e um texto, inteligente, inspirado na “Casa de Bonecas”, de Henrik Ibsen. Aparente mistura de verdade e ficção.
Passados mais de 5 dias eu ainda digiro alguns fragmentos da peça – ou seriam momentos, ou cenas, ou falas, ou imagens? Não sei qual o melhor termo técnico a ser utilizado nesse caso. Aliás, eu pouco sei de quase nada. O que eu sei é que eu ainda sigo, como o Carlos de Madame Bovary, ruminando os momentos de felicidade e epifania que me foram proporcionados pelo espetáculo, assim como aqueles que seguem saboreando o gosto das trufas que ainda digerem após a refeição. É um gosto bom o que fica…
Se você deseja ver algo realmente tocante e inteligente, algo “bauschiano”, um espetáculo digno da grandeza e da diversidade de São Paulo, se você está em “busca de si“: vá. Mas vá logo, pois a temporada é curtíssima.
Àqueles que quiserem apoiar esse espetáculo, entrem no site de financiamento coletivo “Catarse” e apoiem. O espetáculo merece, e São Paulo também. No site há vídeos interessantíssimos que dão uma ideia do que será visto no espetáculo, como este:
Eu não posso dizer quais sentimentos você terá ao ver o espetáculo, mas eu posso dizer que você os terá.
Informações práticas
Temporada: De 01/11/2014 até 30/11/2014
Onde: Teatro do Pequeno Ato
Endereço: Rua Teodoro Baima, 78, Vila Buarque – Centro
Quando: Sábado às 21h e Domingo às 19h
Preço: R$30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia).
Ficha Técnica
Concepção e Dramaturgia: Milena Filó
Direção e iluminação: Adriano Cypriano
Elenco: Jackeline Stefanski e Milena Filó
Trilha sonora e composição original: Kika
Cenário e figurino: O grupo
* As Impressões publicadas neste site refletem as opiniões dos respectivos autores, e não representam a opinião do Ator Criador, que não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. Este é um espaço voltado ao livre pensamento e à liberdade de expressão.
