Cia. Mungunzá de Teatro

CIA MUNGUNZA - ATOR CRIADOR

A Cia. Mungunzá de Teatro começou o trabalho num contexto onde estudantes saíam das escolas a procura de um mote que fizesse sentido e uma linguagem que abarcasse nossas escolhas.

Nas mãos do diretor Nelson Baskerville, depositaram um livro autobiográfico intitulado “Por que a criança cozinha na polenta” e o desejo de nascer junto a isso. Através do processo de criação deste espetáculo tiveram acesso a uma primeira forma de nascimento: a concepção de uma identidade.

Com “Por que a criança cozinha na polenta” inauguraram uma pesquisa junto ao diretor Nelson Baskerville, sobre o teatro épico, envolto num aparato tecnológico que possibilitava contar a história narrada por meio de muitas possibilidades narrativas: vídeo, foto, música, dança, performance, o ato de cozinhar em cena, enfim, uma pesquisa que já trazia no bojo uma aproximação entre ator e plateia que não se desse apenas pela história nem pelo pensamento que esta gerasse, mas pela comunicação sinestésica que o espetáculo provocava em virtude de todo o aparato cênico.

A história narrada era a ótica de uma garota de 13 anos, filha de pais circenses que fugiam da ditadura do Ceausescu na Romênia e vinham atrás de sonhos que o Ocidente prometia. Chegando no Ocidente, claro, tudo foi desmoronando. No entanto ela se absteve politicamente até o final. Não houve uma posição política clara. Houve a voz de uma garota que narrava o que seus olhos viam quando pequena. E como esta lia todos os acontecimentos a sua volta por uma ótica lúdica e os recriava para poder sobreviver psiquicamente em meio ao caos que estava inserida.

Partiram, portanto, de uma história familiar que acontecia lá longe. Uma história real, importante e indicativa de um panorama que estudaram mas não vivenciaram politicamente em sua geração. Tratava-se de uma história real e distante, da qual tentavam aproximar-se por meio dos elementos de sua linguagem.

Fizeram muitas viagens com esse espetáculo e descobriram que estar em movimento os fazia um grande sentido. Montar e desmontar a mesma história, de palco em palco, de cidade em cidade, fazendo da mesma a cada hora uma história diferente os assenhorava de um mundo que estavam tateando e conhecendo.

Em meio a esta desventura estética e familiar partiram para o próximo trabalho, que foi a verticalização deste processo.

Trouxeram o que era longe pra perto e se aprofundaram na linguagem escolhida. O que era a história de uma família romena num primeiro momento, culminou no segundo momento numa história presente embaixo do próprio nariz: a do diretor Nelson Baskerville.

Nelson veio com a história de seu irmão e de sua família e a Cia. comprou a briga de levá-la ao palco. Aprofundaram a pesquisa nesse teatro que, chamam, documentário. Documentário cênico. Este foi o nome dado à intenção de trazer uma história tão próxima para o palco. Investiram nisso ao trazer cartas, documentos, relatos e acessórios dos personagens desta história.

Enquanto, na polenta, a linguagem escolhida imergia, o espectador no contexto da história narrada, em Luis Antonio Gabriela, a história narrada já era a linguagem em si. Relato gravado é a contação de uma história. Isso colocado em cena vira “linguagem” mas é apenas a história, sem floreio cênico. Mostrar documentos e fotografias são coisas que fazemos na vida para provar a nossa historia para nos mesmos. Mantiveram o universo familiar, agora um núcleo familiar que tinha personagens que toda família tem, a seu modo. E estouraram. Estouraram porque contaram aquilo que acontece a todos de forma simples. A história de Luis Antonio, do Nelson, desse contexto familiar, revirou e mobilizou diversos tipos de públicos, cada um a seu modo.

Viajaram o Brasil inteiro com “Luis Antonio-Gabriela”. Adquiriram um amálgama enquanto companhia durante as viagens que sempre reverberava nos espetáculos. “Luis Antonio-Gabriela” trouxe rompimentos internos, reatamentos internos, mudança de posturas, de posicionamentos, de conceitos. Levou um novo modo de ver e de unir os fatos. “Luis Antonio-Gabriela” os levou o mundo.

Fundadores: Marcos Felipe e Sandra Modesto

Integrantes atuais: Marcos Felipe, Sandra Modesto, Virginia Iglesias, Lucas Bêda, Veronica Gentilin, Pedrinho Augusto e Leonardo Akio

Data de Fundação: 2006

Site: www.ciamungunza.com.br

E-mail: ciamungunza@gmail.com

Situação: Ativa

Última atualização: Setembro de 2014

AC

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