1915 e a armenidade

“Nesse quintal frequentemente havia um criado que rachava lenha, e é dele quem melhor me lembro, o armênio triste que era meu amigo. Enquanto partia a lenha, ele cantava uma canção que, embora eu não a entendesse, me cortava o coração. Quando perguntei a minha mãe por que ele era tão triste, ela me disse que em Instambul homens maus quiseram assassinar todos os armênios, e ele lá perdera toda a sua família. De um esconderijo ele vira sua irmã ser assassinada. Ele então fugira para a Bulgária, e meu pai, por compaixão, o abrigara em casa. Agora, quando ele partia lenha, ele devia pensar em sua irmãzinha, e por isso cantava aquelas canções tão tristes.”

(Elias Canetti, “A língua absolvida”)

100 anos

O Grupo Teatral ARCA, em conjunto com o CNA-Brasil (Conselho Nacional Armênio-Brasil), faz a segunda temporada do espetáculo “1915”, escrita pelo dramaturgo Arthur Haroyan e ora dirigida por Rogério Rizzardi.

O espetáculo é uma homenagem à memória do primeiro genocídio do século XX, o Genocídio Armênio. O nome, “1915”, faz alusão ao ano em que se iniciou o massacre.

A peça estreou no dia 1º e ainda estará em cartaz nos dias 29 e 30 de abril, além de 6, 7, 13 e 14 de maio de 2015, no Viga Espaço Cênico, localizado na rua Capote Valente, número 1323, no bairro de Pinheiros.

Arthur Haroyan, autor que também atua no espetáculo, é um armênio que vive no Brasil há quase sete anos. Ele baseou a peça em depoimentos reais dados pelas vítimas sobreviventes e seus descendentes.

O genocídio se traduz no extermínio de aproximadamente 1,5 milhão de armênios, e é reconhecido por parte da comunidade internacional. Infelizmente, ainda é mas negado sistematicamente pelos governos turcos que estiveram no poder desde a queda do Império Otomano até os dias de hoje. O intuito da encenação é transmitir acontecimentos intensos e obscuros da história mundial, que ao serem negligenciados é como se nunca tivessem existido.

Mais Informações sobre o espetáculo:(11) 3801-1843 ou pelo e-mail airyn.vi@gmail.com

Armênios da diáspora

Hoje vivem no Brasil aproximadamente 100 mil armênios, muitos deles descendentes diretos de famílias vítimas do massacre e da perseguição turca, como este Ator Criador que vos fala.

Na América do Sul, países como Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela e Bolívia têm legislações que reconhecem o genocídio. Nosso país, infelizmente, não.

Na Europa, a França também tem legislação reconhecendo o massacre como um genocídio e tornando crime a sua negação, assim como é com o genocídio cometido contra os judeus. Muitas outras nações, como Alemanha, Grécia, Holanda, Bélgica, Itália, Suécia, Suíça, Rússia, Polônia, Lituânia, Eslováquia, Líbano, Chipre e Canadá, além do Vaticano, também reconhecem o genocídio armênio.

Mãe

Àqueles que desejam conhecer um pouco mais dessa história, é mais do que recomendado assistir ao filme “Mayrig” (mãe, em armênio), estrelado por Omar Sharif.

Núcleo de Divulgação AC

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