Reestreia da peça “Nossa Classe”

Para fechar a semana bem e entrar em contato com uma época e acontecimentos não tão distantes, a peça “Nossa Classe” é uma opção. Dirigida por Zé Henrique de Paula, o drama reestreia no dia 4 março, sexta-feira, no Núcleo Experimental.

O texto de Tadeusz Stobodzianek conta a história de um grupo de amigos poloneses, divididos entre judeus e católicos, desde crianças e como suas relações são afetadas por motivos externos. A trama começa em 1925, na Polônia, e com o passar do tempo, os personagens vão se transformando assim como o mundo ao seu redor.
Essa é uma época conturbada no país. Exércitos invadem a Polônia e no dia 10 de julho de 1941 ocorre o massacre na cidade polonesa de Jedwabne. Isso acontece na metade da Segunda Guerra Mundial, tempo em que o ódio pairava sobre a sociedade. As influências políticas podem realizar um sentimento de ódio coletivo e destruir os laços entre indivíduos que, algum dia, já foram amigos.

A reestreia veio em boa hora. Hoje vivemos em um mundo conturbado onde o ódio cresce cada vez mais. Em entrevista com a atriz Estrela Straus, que interpreta Dora em “Nossa Classe”, ela comenta como que esse sentimento negativo pode fazer com que pessoas tomem atitudes drásticas. “Ninguém mais se ouve, mas se odeia mesmo assim e por conta desse discurso de ódio, muitos se sentem autorizados a cometer barbaridades atentando contra os direitos humanos por simplesmente já não reconhecer o próximo como semelhante”, diz Estrela.

Como atriz, Estrela conta como foi mergulhar em sua personagem que passa por cenas fortes na trama. “Essa personagem me trouxe muitos desafios e me traz desafios todas as noites. Teve todo o momento do processo de mergulhar na história, de ler e ver coisas sobre os pogroms, sobre a caça aos judeus, sobre todo o holocausto. Porque é uma realidade distante da nossa”, fala.

A peça conta a história de humanos e, mesmo de uma época distante, a realidade da trama se depara com o presente. O teatro pode passar de uma forma diferente o que outros meios de comunicação não conseguem transmitir. “A peça tem que ser vista, pois a beleza cênica, às vezes, fala com camadas mais fundas do nosso inconsciente do que o simples estudar os fatos” encoraja Estrela ao público.

A reestreia de “Nossa Classe” só conseguiu ser realizada por esforço dos próprios atores; eles não têm nenhum patrocínio ou apoio. Para cobrir os gastos da produção, o elenco lançou uma campanha de financiamento coletivo. “Nos sentimos autorizados a pedir ajuda do público, porque realmente acreditamos na importância de contar essa história aqui e agora”, analisa Estrela. O link para doações é www.catarse.me/nossaclasse2016 e a peça fica em cartaz até o dia primeiro de maio.

Serviço

Onde: Núcleo Exprimental – Rua Barra Funda, 637 – Barra Funda
Site: http://www.nucleoexperimental.com.br/portal/
Telefone: (11) 3259-0898
Quando: Sexta-feira e sábado às 21h
Domingo às 19h
Quanto: Inteira – R$40,00
Meia – R$20,00
Onde comprar: http://www.compreingressos.com/

FICHA TÉCNICA

Texto: Tadeusz Słobodzianek | Tradução, Adaptação e Direção: Zé Henrique de Paula | Assistente de direção: Herbert Bianchi | Trilha Original e Preparação Vocal: Fernanda Maia | Gravação e mixagem: Rafa Miranda
Cenário e Figurinos: Zé Henrique de Paula | Assistente de cenário e figurino: Cy Teixeira | Iluminação: Fran Barros
Arte gráfica: Herbert Bianchi | Fotos: Ronaldo Gutierrez | Coordenação de produção: Claudia Miranda | Projeto Escola: Alexandre Meirelles | Elenco: Heniek – Bruno Gael, Dora – Estrela Strauss, Abram – Fabio Redkowicz, Menachem – Felipe Calçada, Jakob Katz – Gutto Szuster, Zygmunt – Thalles Cabral, Zocha – Maria Paula Lima, Rysiek – Pedro Passari, Rachel – Priscilla Oliva, Wladek – Rafael Augusto | Fotos: Leekyung Kim

Este slideshow necessita de JavaScript.

Marina Bianchi
Marina Bianchi é jornalista / estudante da ESPM / atriz de coração. Faz teatro há 10 anos e é curiosa pela cultura da cidade.

Comente