A Madrinha Embriagada: Quando um musical não é apenas um musical

Foto divulgação da peça A Madrinha Embriagada

Dando continuidade a proposta de formar um novo público para o gênero de musicais no Brasil e possibilitar o acesso da população com menos recursos a superproduções, o SESI -SP, por meio de seu projeto Teatro Musical do SESI, trouxe para seus palcos o musical A Madrinha Embriagada.

Adaptação do musical norte-americano, “The Drowsy Chaperone”, o espetáculo contou com a direção e versão de Miguel Falabella, que buscou “reconstruir” alguns personagens dentro do contexto brasileiro da época apresentada, homenageando, desta forma, o alguns intérpretes brasileiros importantes, mas sem perder a essência da montagem original.

O espetáculo inicia-se em tempo atual, mediante às narrativas do personagem “Homem da Poltrona” (Ivan Parente), um homem solitário e grande fã de peças musicais. Em uma noite, escolhe ouvir um de seus LPs favoritos, o fictício A Madrinha Embriagada que, na estória, estreou no Theatro São Pedro, em São Paulo. Eis então que, como mágica, a a ficção ganha vida: os personagens surgem diante de seus olhos.

Desta forma, personagem e público são transportados de um ambiente cotidiano para a São Paulo de 1928, ano em que, na história, o musical estreou no Theatro São Pedro, na Barra Funda.

Eis que a estória de Jane Valadão (Sara Sarres) é apresentada: estrela dos palcos brasileiros, em breve irá se casar e aposentar-se. A Madrinha (Stella Miranda), que deveria ser o apoio da noiva, a todo instante gera inúmeras confusões, sendo a bebida alcoólica sua “companheira” e marca registrada. Outras personagens vão sendo apresentadas ao longo da trama, interligadas por situações cômicas e inusitadas, resultando em inúmeros encontros e desencontros ao longo da peça.

Muito mais do que um musical dentro de um musical, A Madrinha Embrigada apresenta aspectos interessantes e diferenciados de outros trabalhos do gênero.

O primeiro aspecto que se pode apontar é a presença do próprio “Homem da Poltrona”. Iniciando como narrador, passa para narrador- espectador e, por fim, um próprio elemento da história que apresenta.

Em alguns momentos do espetáculo, o “Homem da Poltrona” interrompe e apresenta curiosidades da estória em si, além de informações sobre as estruturas básicas do teatro que constituem um espetáculo.

A noção de quarta parede é rompida em muitos momentos, aproximando e permitindo ao público um diálogo direto com a peça.

Mas o aspecto mais marcante em toda a peça é a contraposição entre real X sonhado; e o vivido X desejado.

É exposta, pelo “Homem da Poltrona”, uma rotina comum e sem grandes atrativos. A partir do momento que pega em seus discos, seu universo se transforma, o prazer e o desejo de se aproximar mais dos fatos e acontecimentos que nunca chegou a conhecer e viver, permitindo ao elemento inicial de virada da peça: a transposição de uma vida comum e tediosa, para um mundo sonhado e ideal (apresentada pela “entrada” do personagem na história do musical que está narrando).

A peça também é uma ode à arte mais tradicional que vem perdendo crédito e conhecimento por conta de novas formas culturais (fato apontado por meio das falas muitas vezes depressivas e inconformadas do “Homem da Poltrona”).

Além de contar com um elenco de peso e muito preparado (contando com uma excelente sincronia entre os atores), a comicidade é um elemento presente em todo o musical, preenchendo a relação entre os personagens e nos diálogos rápidos entre os mesmos. A cenografia e iluminação dão expressividade significativa à peça. A montagem ainda conta com a apresentação de uma orquestra ao vivo.

O musical A Madrinha Embriagada fica em cartaz no Teatro SESI-SP até 29 de junho de 2014. Sessões às quartas, às 21h; | quintas e sextas, às 15h (sessões para escolas); sábados, às 16h e 21h; e, domingos, às 19h

Informações de A Madrinha Embriagada

Teatro do SESI – São Paulo
Av. Paulista, 1313 – Cerqueira César – São Paulo – SP
Contatos: (11) 3146-7405/06

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Thayná Cavalcanti é Bacharel em Terapia Ocupacional / Especialista em Gestão em Saúde / Estudante do Curso Técnico de Formação de Atores do Teatro Escola Macunaíma / Atriz / Dubladora / Membro da Cia de Teatro Desempaco.

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